segunda-feira, 10 de março de 2008

Comunicado - Só o Bom Senso Pode Ajudar a Encontrar Respostas para a Educação


Após três anos de achincalhamento, por parte do governo, os professores manifestaram no passado sábado uma saudável indignação, em defesa da sua dignidade profissional, numa manifestação histórica, que ultrapassou todas as expectativas.

Constitui um erro político muito grave o governo fingir que nada se passou e que tudo pode continuar na mesma.

É preciso bom senso, de todas as partes envolvidas, a começar pelo Primeiro Ministro, para analisar desapaixonadamente o que se está a passar nas escolas, as razões dos professores e as melhores soluções para termos uma Escola de Qualidade e de Exigência, como reclama o futuro do desenvolvimento e do progresso de Portugal.

A insatisfação dos professores não resulta, obviamente, apenas do regime de avaliação. Este é apenas mais um problema acumulado a muitos outros. As causas profundas da indignação radicam na estratégia de humilhação que o governo, desde o início do mandato, empreendeu contra os professores e os seus representantes sindicais, numa clara tentativa dos dividir, fragilizar e desacreditar e consubstanciada em medidas legislativas fortemente penalizadoras para a carreira dos docentes.

Tal facto contrasta, paradoxalmente, com a displicência imposta no Estatuto do Aluno, onde propositadamente se baixa o nível de exigência escolar para, artificialmente, reduzir o insucesso e abandono escolares, em detrimento das aprendizagens, mas em benefício das estatísticas.

Consequentemente chegamos a uma situação sui generis em que os professores recusam a sua tutela e esta, em lugar de apaziguar, persiste na rota de colisão com consequências imprevisíveis para o sistema educativo.

É preciso que o braço de ferro imposto pelo governo à classe docente, dê lugar ao apaziguamento. É preciso que a desconsideração e a imposição do governo, dêem lugar ao respeito e à negociação com os professores e com os seus representantes sindicais. Cabe ao Primeiro Ministro saber interpretar politicamente o estado de revolta dos professores, de todos os quadrantes políticos e sindicais, e abrir espaço ao necessário diálogo construtivo já que o Ministério da Educação envenenou, por completo, o seu relacionamento com os sindicatos.

Diálogo que o Senhor Presidente da República tem vindo a defender, mas que a equipa ministerial tem olimpicamente desvalorizado. Agora só o Primeiro Ministro o poderá recuperar.

É neste quadro que os TSD, profundos conhecedores da realidade dos vários agentes educativos e empenhados em procurar soluções adequadas à paz e aos problemas e desafios do sector da Educação, propõem:

1. O governo deve criar uma “Mesa Missão Educação” com todos os agentes educativos, e em especial com os Sindicatos dos Professores, que tenha por objectivo reflectir sobre o estado actual da Educação em Portugal, em ordem a criar-se um clima de serenidade e confiança entre todos e produzir recomendações sobre a política educativa.

2. O governo deve suspender a execução geral deste regime de avaliação de desempenho dos professores, não só como forma de distender o clima criado mas porque o regime é subjectivo, burocratizado, está mal preparado, conduz a injustiças mas, sobretudo, é inaplicável.

3. Igualmente não faz sentido implementar um processo destes a meados do ano lectivo. É por isso que os TSD defendem que o governo deve escolher algumas escolas para implementação de “experiências – piloto” do regime de avaliação até ao fim do ano escolar e depois, em clima de concertação com os sindicatos, o que é que deve ser alterado e corrigido. Só depois dessa concertação, generalizar a sua aplicação.

Para os TSD não está em causa a avaliação dos professores que, de resto, já se verifica desde 1992. Apenas entendemos que uma avaliação rigorosa deve ser simples, objectiva e constituir-se numa ferramenta para premiar os bons resultados e aperfeiçoar as boas práticas, o que manifestamente não sucede com esta proposta labiríntica do governo.

Apelamos, pois, ao bom senso do sr. Primeiro Ministro!

Lisboa, 10 de Março de 2008

O Secretariado Executivo

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